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Tão certinho como o aumento de impostos, a exibição de uma folha A4 branca proporcionou mais um suculento episódio de memes, desta vez com o ministro da Economia.
Tudo começou com uma fotografia publicada nas plataformas online do Diário Económico.
Logo surgiu o serviço comunitário para preparar o terreno.
E em menos de quatro horas, o ministro teve direito a hashtag #piresdelima no twitter e a arquivo no tumblr.
Dezenas de imagens começaram a pulular nas redes sociais. E eu já tinha avisado sobre isto em maio passado, senhor ministro.
Hoje era dia para o gestor da conta de Twitter da KLM ter ficado na cama.
Depois do México ter perdido no último minuto com a Holanda, a real transportadora neerlandesa achou por bem fazer uma piada de mau gosto. A reacção no twitter não deve ter sido a melhor, porque poucos minutos depois o tweet foi apagado.
A resposta da AeroMexico não se fez esperar. Com muita piada. O México ganhou em inteligência.
As marcas continuam a não saber prevenir erros crassos de relações públicas nas redes sociais quando toca a um tema tão sensível como o futebol. Já neste Mundial, a Media Markt alemã tinha cometido erro semelhante com a selecção portuguesa.
Quando marcas globais querem participar em grandes eventos internacionais, formação em diplomacia e bom senso exige-se.
Não, este post não é sobre a campanha para as últimas eleições europeias. Este post é sobre fenómenos sociais e sobre empresas/ profissionais que querem agarrar a onda desses mesmos fenómenos para obter maior exposição da sua marca e vender mais (ou aumentar notoriedade ou outro qualquer objetivo).
Há uma coisa que importa a reter: não se deve tentar capitalizar uma dada tendência se não a compreendermos. Isto parece-me óbvio e acho que é relativamente fácil de interiorizar. Dito isto, vamos à estória.
Há dias vi ser partilhada no Twitter a página de um curso de formação cujo objetivo era o de ensinar os seus participantes a gerir uma marca pessoal nas redes sociais (abro um parêntesis para mencionar que uma das minhas atividades profissionais é a gestão de um projeto empresarial na área da formação, pelo que vou intencionalmente abster-me de mencionar nomes de empresa, pessoas ou marcas). Até aqui tudo bem, todos nós sabemos a importância da internet e das suas ferramentas para o nosso marketing pessoal e para a gestão da nossa carreira, é por isso natural que surjam projetos com o objetivo de dar competências às pessoas neste domínio.
O que não está tudo bem é o que escrevo já de seguida. Além de ser muito curioso, tenho particular apreço quer pela formação quer pelo marketing, pelo que assim que me aparece um link destes à minha frente é click garantido. E lá fui eu ver a descrição do curso. Tudo ia razoavelmente bem – falava de conteúdos, de imagem, das várias ferramentas, etc - até que chego a esta parte: “Como fazer a sua melhor selfie”, com as dicas para tirar as melhores fotos com o smartphone. E aqui começou a entornar o caldo.
Uma selfie é uma fotografia tirada por uma pessoa a si própria, sozinha ou com mais pessoas, geralmente partilhada nas redes sociais, com o Instagram e o Facebook à cabeça, e que tem sido um fenómeno comportamental que cresceu exponencialmente. E cresceu porque geralmente as pessoas têm usado as selfies para se mostrarem num dado sítio, a viver uma dada experiência ou até só se mostrarem a si próprias (a selfie é também uma demonstração de algum narcisismo em alguns casos).Ou seja, a selfie não é mais do que a partilha de uma vivência de um dado momento com as pessoas que a seguem nas redes sociais que usa. E é aqui que o tal curso falha na compreensão do fenómeno. Uma selfie, na perspetiva de quem a tira e partilha é um momento, e os momentos não têm técnicas, enquadramentos, dicas, não precisam de se transformar na “melhor selfie” nem precisam de ser ensinados.
Ter uma boa coleção de selfies é importante para a marca pessoal? Talvez. Pode ser em alguns casos específicos. Jamais o será, contudo, se perder o seu essencial – a espontaneidade. E será uma onda como outra qualquer – provavelmente daqui a meia dúzia de meses já não será “cool” tirar selfies e o fenómeno será outro qualquer.
E aqui reside a questão, enquanto umas empresas tentam utilizar as redes sociais para comunicar e interagir de uma forma que não fazem no “mundo real”, outras tentam ensinar as pessoas a estar presentes nas redes sociais com benefícios na sua carreira profissional. E muitas falham. E falham porque não entendem que as pessoas é que ditam como querem interagir e quando querem interagir. E falham porque não entendem que a espontaneidade e a liberdade de expressão que as pessoas sentem nas redes sociais não se ensaia, não se ensina e não se compadece com artificialidades.
E nós, utilizadores das redes sociais, se não percebermos que ganhamos muito mais em sermos nós próprios, muito provavelmente prejudicaremos mais a nossa marca pessoal do que a beneficiaremos.
PS: Só mais uma coisa, se pretendem ensinar alguém a usar uma rede social como o Twitter, por exemplo (pretensão que não tenho), não tenham tweets protegidos ;-) .
*Director geral da Sparkle Business Ignition, Mestre em Marketing
(Imagem retirada do twitter de @carlotaburnay)
As redes sociais têm o condão de propagar uma coisa chamada "memes". Um meme é um conceito, um filme, uma hashtag ou uma imagem que se torna um ícone-base para as mais diversas mensagens e situações, reconhecidas imediatamente pelos internautas e rapidamente propagadas.
A imagem de Michelle Obama a segurar num cartaz com a mensagem "#Bring back our girls" correu mundo. O líder do PS decidiu juntar-se à causa. Mas aquilo que à primeira vista era uma boa iniciativa de Relações Públicas rapidamente se tornou um "meme" incontrolável.
Da imagem inicial às mais diversas versões, já existe um arquivo no Tumblr, com o nome #selfieSeguro que não pára de crescer. Ninguém está livre de um caso destes, mas a nota para todos os assessores de imagem é clara: não usar imagens com espaços em branco ao alcance da criatividade dos internautas.
Do original
A dezenas de réplicas
Tornou-se viral o video em que o jogador de futebol brasileiro Dani Alves comeu em campo a banana que um adepto lhe atirou. A banana tornou-se rapidamente, em todo o mundo, um símbolo da repulsa por atitudes racistas.
O atleta português Nelson Évora não perdeu a oportunidade de contar o que se passou com ele e um grupo de amigos num espaço lisboeta chamado Urban Beach (e que passe a má publicidade). Gerou uma profunda reacção de repulsa e onda de solidariedade no Facebook.
Esse espaço de má nota teve o seu momento "Oprah na Hermes". Em ambos os casos, o "racial profiling" dos responsáveis ou dos empregados dos estabelecimentos teve o azar de se confrontar com figuras públicas, que amplificaram os acontecimentos.
A denúncia nas redes sociais é o pior pesadelo das marcas pelo movimento imediato de partilha que gera. Na maior parte das vezes, passa para a comunicação social. Veremos a amplificação do seu impacto para fora das redes sociais e, sobretudo, vamos ver como a marca reage. Não sei se a reputação é uma das preocupações do Grupo K. Se não é, devia ser e um pedido de desculpas a clientes que, para mais, são atletas que representam o melhor do país, seria o mínimo exigível.
Adenda: o presidente do Conselho de Administração do Grupo K respondeu:
Caro Nelson Évora,
Fomos surpreendidos com a publicação no mural da sua página do Facebook de uma foto com conotação xenófoba, com o objectivo de denunciar uma alegada situação de "racismo", supostamente praticada por um funcionário do Urban Beach.
Confesso a nossa incredulidade no que refere à situação que relata, pois não existe qualquer tipo de instruções por parte da administração da empresa para excluir, seja quem for por razões raciais, políticas, religiosas ou outras.
Aliás, ao que nos informam, o Sr. Nelson Évora frequentou em outras ocasiões o estabelecimento, sem qualquer tipo de constrangimentos.
Temos igualmente alguma dificuldade em entender o propósito de fazer publicamente essa acusação infundamentada, uma semana após a suposta ocorrência.
Existe sim naquele espaço um código de conduta, e o chamado "Dress Code", sendo que quem se encontre desenquadrado, terá o acesso condicionado.
Foi isso mesmo que foi explicado à pessoa em questão.
Temos mantido ao longo destes 25 anos inúmeros clientes das mais diferenciadas raças e etnias, nunca utilizando a diferença racial para realizar qualquer tipo de discriminação.
Detemos igualmente nos nossos quadros de pessoal elementos das mais diversas origens raciais, com base apenas nas suas qualidades profissionais.
Se apesar do que nos foi relatado, o funcionário em questão proferiu efectivamente o que relata, pedimos-lhe desde já, que aceite as nossas mais sinceras desculpas, pois não só não nos revemos nessa atitude, como abominamos a mesma.
Cordiais Cumprimentos,
Paulo Dâmaso de Andrade
Presidente do Conselho de Administração
Grupo K
Antes de começar a jogar e a provar qualquer rendimento desportivo, o jogador egípcio Shikabala gerou um furacão na página do Facebook do Sporting.
Roberto Teixeira notou, num grupo do Facebook, que entre o anúncio da sua contratação e a confirmação no encerramento do mercado, na madrugada de dia 1 de Fevereiro, "em apenas 14 horas a página do Sporting Clube de Portugal alcançou mais de 60 mil novos fãs e nas últimas 48 horas teve um crescimento de mais de 100 mil."
Para além das centenas de comentários ao post do novo jogador, a página do Sporting "foi invadida por comentários da comunidade egípcia".
Em árabe, claro.
Marco Marques, no mesmo grupo, explica este fenómeno: "Os países do norte de África, nomeadamente os situados a poente (países do Magrebe) e algum do prolongamento nascente (do qual o Egipto é a primeira porta de entrada) possuem um potencial comercial enorme no futebol (intimamente relacionado com o seu fanatismo) e o Sporting está a saber escolher figuras representativas de cada um desses países. Provavelmente, assistiremos, num futuro próximo, à chegada de algum jogador representativo de Marrocos, Tunísia e Líbia. O alcance da marca 'Sporting' crescerá muito mais depressa nestes países que nos mercados orientais (mais fidelizados às grandes Ligas Europeias) embora as abordagens não sejam mutuamente exclusivas."
Interessante esta análise do Marco referente à estratégia de expansão da marca Sporting para outras geografias Interessante nesta estratégia a utilização do Facebook, onde o clube começou a postar em árabe. A página, aliás, tornou-se literalmente bilingue. Uma boa aposta e uma boa utilização das redes sociais.
A velhice é a coisa mais surpreendente que pode acontecer a uma pessoa (Trotsky)Cultivadora compulsiva de quinquilharia, memorabilia, revistas e jornais já desaparecidos, postais e anúncios pintados por artistas, sempre me achei pertencente a um "nicho", tão pequeno que raramente encontro quem se extasie comigo perante uma edição antiga do Século Ilustrado ou o folheto da "Mary Poppins" do cinema Europa.Duvido que isto faça de mim uma saudosista, porque esta mania vem desde os meus sete ou oito anos, quando esgravatava nas colecções antigas do meu pai. Creio antes que vem do fascínio e curiosidade pela representação da realidade em diferentes tempos, talvez a nostalgia de alguma candura, mas também, e ao fim ao cabo, a busca de cheiros e cores que o nosso tempo não nos dá.Eis que, de forma muito evidente, o culto das peças e da estética vintage (os brasileiros preferem a palavra Retrô) se está a tornar mainstream. Jornais e televisões recuperam anúncios antigos e fazem deles matérias autónomas, blogues, perfis de twitter e Facebook, como o imperdível Reclames do Estadão, uma iniciativa do "Estado de São Paulo" (que bem poderia ser recuperada pelo "Diário de Notícias").Bom, isto parece apenas a exploração de um filão, um pequeno alargamento do nicho.Mas esta "reciclagem" do passado foi mais longe com a campanha "Como seriam os anúncios do Facebook, Twitter e Skype nos anos 60?", uma brilhante criação acabada de lançar pela agência brasileira Moma de São Paulo para o MaxiMídia, o maior evento de Comunicação e Marketing da América Latina. Nesta campanha, podemos ver-nos como veríamos os anúncios antigos do Estadão, deslumbrados mas felizes e cândidos perante o progresso que nos avassala.E porque é que esta campanha está a gerar um êxito brutal nas redes sociais e nos blogs de tecnologia e comunicação? Porque é surpreendente, porque nos dá a dimensão vintage do nosso presente, porque nos acalma em relação ao que por vezes sentimos como a voragem dos tempos.Depois, foi também o primeiro Vintage Computing Festival em Inglaterra, onde as velhas máquinas são admiradas e onde alguém recupera o Spectrum e põe-lhe o Twiiter lá dentro. O tempo encapsulado dentro do tempo.E os casos vão-se multiplicando. Estaremos a recuperar apenas a estética vintage-retrô, é só uma moda, ou estamos a tomar consciência de que a turbulenta evolução tecnológica nos está a levar, a cada dia que passa, a ter saudades do futuro?
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