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(11 de Março, Bairro do Cerco,Porto)
Trinta e um dias de Marcelo, (ex-)comentador e actual presidente. Breve primeiro balanço, com base em respostas que dei à Meios & Publicidade.
1. O presidente-spin doctor
Não sendo prática exclusiva do Presidente escolher jornalistas em detrimento de consultores de comunicação (basta ver as escolhas para os gabinetes ministeriais), a opção de Marcelo por três jornalistas para a assessoria de comunicação rompe com a tradição em Belém.
O caso concreto de Marcelo Rebelo de Sousa, grande comunicador e conhecedor profundo dos media, é contudo particular. É de crer que a estratégia está toda na sua cabeça e os assessores terão como função essencial criar o melhor palco possível para o desenvolvimento dessa estratégia. Não será por acaso que Marcelo foi buscar jornalistas de televisão, o meio onde ele cresceu como figura pública e onde sabe que (ainda) estão as melhores oportunidades de comunicar com o país real.
2. O presidente-rei
Marcelo adoptou a postura de um presidente-rei, parafraseando Fernando Pessoa. Percebeu que mesmo um regime semi-presidencialista pode acomodar os tiques de um regime presidencialista e até o conselho de estado parece querer evoluir para um senado.
Esta ampliação da função presidencial tem acolhimento na necessidade dos portugueses, num clima de crispação parlamentar e partidária, terem um referencial de estabilidade (e de afecto, sim!) no seu presidente. O estilo de comunicação faz a função evoluir para uma espécie de regime monárquico com tiques de presidencialismo. O “cão presidencial” remete-nos imediatamente para os “cães presidenciais” de Obama. A que se junta um estilo muito próprio, entre o paternal e o descontraído, que transmite segurança e proximidade.
Convém também lembrar que os primeiros actos diplomáticos do presidente-rei foram as visitas ao Vaticano (com referências à bula papal que reconheceu o estado português) e ao Rei de Espanha. Dois elementos que fazem parte integrante do nosso imaginário monárquico. Estes dois actos deram o mote ao mandato.
Marcelo está habituado a opinar, por isso o vemos e continuaremos a ver a comentar sobre os mais variados assuntos da vida nacional – desde o orçamento de estado à posição do governo sobre os presos políticos de Angola. A intervenção pública está-lhe no sangue e dificilmente abdicará do comentário.
O comentador não morreu, será que se salva a pátria?
Créditos da foto: Pedro Correia/Global Imagens
À medida que se aproxima o anúncio público da candidatura de Hillary Clinton às próximas eleições presidenciais, as capas das revistas americanas regurgitam mau gosto.
Depois da polémica capa da Time da semana passada, que me fez descobrir que existe uma tara chamada macrofilia, eis que foi revelada a capa da New York Times Magazine de domingo que vem, que me fez lembrar outro tarado (dos efeitos especiais), Georges Méliès.
Por menos que isto, Marcelo desistiu da corrida. Se ela se aguentar a este stalking revisteiro, temos mulher na Casa Branca.
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