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Antes de começar a jogar e a provar qualquer rendimento desportivo, o jogador egípcio Shikabala gerou um furacão na página do Facebook do Sporting.
Roberto Teixeira notou, num grupo do Facebook, que entre o anúncio da sua contratação e a confirmação no encerramento do mercado, na madrugada de dia 1 de Fevereiro, "em apenas 14 horas a página do Sporting Clube de Portugal alcançou mais de 60 mil novos fãs e nas últimas 48 horas teve um crescimento de mais de 100 mil."
Para além das centenas de comentários ao post do novo jogador, a página do Sporting "foi invadida por comentários da comunidade egípcia".
Em árabe, claro.
Marco Marques, no mesmo grupo, explica este fenómeno: "Os países do norte de África, nomeadamente os situados a poente (países do Magrebe) e algum do prolongamento nascente (do qual o Egipto é a primeira porta de entrada) possuem um potencial comercial enorme no futebol (intimamente relacionado com o seu fanatismo) e o Sporting está a saber escolher figuras representativas de cada um desses países. Provavelmente, assistiremos, num futuro próximo, à chegada de algum jogador representativo de Marrocos, Tunísia e Líbia. O alcance da marca 'Sporting' crescerá muito mais depressa nestes países que nos mercados orientais (mais fidelizados às grandes Ligas Europeias) embora as abordagens não sejam mutuamente exclusivas."
Interessante esta análise do Marco referente à estratégia de expansão da marca Sporting para outras geografias Interessante nesta estratégia a utilização do Facebook, onde o clube começou a postar em árabe. A página, aliás, tornou-se literalmente bilingue. Uma boa aposta e uma boa utilização das redes sociais.
Este extraordinário parágrafo pertence a um trabalho académico, "Private traits and attributes are predictable from digital records of human behavior", de investigadores da Universidade de Cambridge.
O paper, que pode ser lido aqui, diz que os registos digitais de comportamento de fácil acesso, como os "Likes" no Facebook, podem ser usados para prever um conjunto de atributos pessoais "altamente sensíveis" como a orientação sexual, etnia, visão política e religiosa, inteligência, felicidade, utilização de substâncias aditivas, idade e género.
Creio que de forma mais ou menos intuitiva criamos uma imagem relativamente fiel de "amigos" no Facebook que não conhecemos pessoalmente, através daquilo que eles "gostam". Este estudo abre uma linha científica de avaliação e caracterização das pessoas sem precedentes.
Mas o que eu gostaria mesmo era de ver esta análise com as nossas realidades. Até lá, fui pesquisar sobre aquela questão, enigmática para mim, das Curly Fries e descobri uma página no Facebook com quase um milhão de fãs das batatas fritas encaracoladas.
A velhice é a coisa mais surpreendente que pode acontecer a uma pessoa (Trotsky)Cultivadora compulsiva de quinquilharia, memorabilia, revistas e jornais já desaparecidos, postais e anúncios pintados por artistas, sempre me achei pertencente a um "nicho", tão pequeno que raramente encontro quem se extasie comigo perante uma edição antiga do Século Ilustrado ou o folheto da "Mary Poppins" do cinema Europa.Duvido que isto faça de mim uma saudosista, porque esta mania vem desde os meus sete ou oito anos, quando esgravatava nas colecções antigas do meu pai. Creio antes que vem do fascínio e curiosidade pela representação da realidade em diferentes tempos, talvez a nostalgia de alguma candura, mas também, e ao fim ao cabo, a busca de cheiros e cores que o nosso tempo não nos dá.Eis que, de forma muito evidente, o culto das peças e da estética vintage (os brasileiros preferem a palavra Retrô) se está a tornar mainstream. Jornais e televisões recuperam anúncios antigos e fazem deles matérias autónomas, blogues, perfis de twitter e Facebook, como o imperdível Reclames do Estadão, uma iniciativa do "Estado de São Paulo" (que bem poderia ser recuperada pelo "Diário de Notícias").Bom, isto parece apenas a exploração de um filão, um pequeno alargamento do nicho.Mas esta "reciclagem" do passado foi mais longe com a campanha "Como seriam os anúncios do Facebook, Twitter e Skype nos anos 60?", uma brilhante criação acabada de lançar pela agência brasileira Moma de São Paulo para o MaxiMídia, o maior evento de Comunicação e Marketing da América Latina. Nesta campanha, podemos ver-nos como veríamos os anúncios antigos do Estadão, deslumbrados mas felizes e cândidos perante o progresso que nos avassala.E porque é que esta campanha está a gerar um êxito brutal nas redes sociais e nos blogs de tecnologia e comunicação? Porque é surpreendente, porque nos dá a dimensão vintage do nosso presente, porque nos acalma em relação ao que por vezes sentimos como a voragem dos tempos.Depois, foi também o primeiro Vintage Computing Festival em Inglaterra, onde as velhas máquinas são admiradas e onde alguém recupera o Spectrum e põe-lhe o Twiiter lá dentro. O tempo encapsulado dentro do tempo.E os casos vão-se multiplicando. Estaremos a recuperar apenas a estética vintage-retrô, é só uma moda, ou estamos a tomar consciência de que a turbulenta evolução tecnológica nos está a levar, a cada dia que passa, a ter saudades do futuro?
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