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Fazendo uma arqueologia do espaço público, Habermas mostra que o princípio em que se baseia a verdade do Estado moderno é a ideia do povo soberano, que deve, por sua vez, exprimir-se sob a forma da opinião pública.Se a lógica de um Estado de coisas se torna facilmente apreensível nos seus fenómenos extremos, então devemos pensar que nada ilustra melhor a perversão dessa ideia moderna de opinião pública do que o lixo opinativo dos blogues e das caixas de comentários dos leitores dos jornais online-caricaturas grotescas da hipertrofia da opinião mediática.Este fluxo imparável da opinião é o oposto da liberdade de pensamento e comunicação.É uma conversa que se molda inteiramente pela vontade do reconhecimento e segundo os critérios que são os de uma ortodoxia partilhada pelo grupo a que se pertence, simetricamente recusada por outros grupos cuja aspiração é a mesma: triunfar nas guerras da opinião e ocupar um lugar nesta opinião e ocupar um lugar nesta dialéctica sem síntese.Faz lembrar a história contada por Hegel: uma vendedora de ovos a quem um cliente diz "Os seus ovos estão estão podres" responde por seu turno, " Podre está o senhor, e a sua mãe, e a sua avó."
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