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Quem, Onde, Quando, Como: Estas são as perguntas básicas que devem estar respondidas em qualquer lead jornalístico.
Têm sido esmiuçadas pelos media e pela oposição relativamente à relação, nos anos 90, do primeiro-ministro, deputado à data, com uma empresa chamada Tecnoforma, por sua vez financiadora de uma ONG chamada Centro Português para a Cooperação.
A muito custo, lá se conseguiu hoje perceber que foi uma ONG e não uma empresa, que foi entre 1995 e 1999, e que se tratou de ajudas de custo, muito em voga na altura, como tickets-restaurante e "folhas" de kilómetros.
As questões hoje postas no parlamento ao primeiro-ministro acrescentaram uma: o Quanto. A ênfase da oposição centrou-se nas quantias eventualmente recebidas a título de compensação por um trabalho desenvolvido em prol de uma ONG. O Quanto é relevante na medida em que o volume de despesas indicia o volume de actividade. E a sua eventual constância mensal poderia indicar uma remuneração encapotada.
Mas não nos responde à questão essencial: o Porquê. Curiosamente, ou não, esta questão foi omissa de todas as perguntas dos deputados. Ninguém perguntou porque é que um deputado faz serviço pro bono para uma ONG, com elevados custos de tempo em deslocações, reuniões, relatórios. E ainda menos perguntaram que actividades concretas realizou durante esse período. E também ninguém perguntou porque é que esta nobre actividade curricular foi sempre omissa do curriculum vitae do deputado.
A resposta aos porquês não perguntados é simples: ninguém na assembleia da república quer falar do lobbying desenvolvido pelos seus deputados. Este texto de Luís Paixão Martins explica bem o elefante que andou no meio do hemiciclo.
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