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Guest Post: Ensinas-me a tirar uma #selfie?

por Alda Telles, em 09.06.14

 Por Henrique Ventura*

 

Não, este post não é sobre a campanha para as últimas eleições europeias. Este post é sobre fenómenos sociais e sobre empresas/ profissionais que querem agarrar a onda desses mesmos fenómenos para obter maior exposição da sua marca e vender mais (ou aumentar notoriedade ou outro qualquer objetivo).

Há uma coisa que importa a reter: não se deve tentar capitalizar uma dada tendência se não a compreendermos. Isto parece-me óbvio e acho que é relativamente fácil de interiorizar. Dito isto, vamos à estória.

 

Há dias vi ser partilhada no Twitter a página de um curso de formação cujo objetivo era o de ensinar os seus participantes a gerir uma marca pessoal nas redes sociais (abro um parêntesis para mencionar que uma das minhas atividades profissionais é a gestão de um projeto empresarial na área da formação, pelo que vou intencionalmente abster-me de mencionar nomes de empresa, pessoas ou marcas). Até aqui tudo bem, todos nós sabemos a importância da internet e das suas ferramentas para o nosso marketing pessoal e para a gestão da nossa carreira, é por isso natural que surjam projetos com o objetivo de dar competências às pessoas neste domínio.

 

O que não está tudo bem é o que escrevo já de seguida. Além de ser muito curioso, tenho particular apreço quer pela formação quer pelo marketing, pelo que assim que me aparece um link destes à minha frente é click garantido. E lá fui eu ver a descrição do curso. Tudo ia razoavelmente bem – falava de conteúdos, de imagem, das várias ferramentas, etc -  até que chego a esta parte: “Como fazer a sua melhor selfie”, com as dicas para tirar as melhores fotos com o smartphone. E aqui começou a entornar o caldo.

 

Uma selfie é uma fotografia tirada por uma pessoa a si própria, sozinha ou com mais pessoas, geralmente partilhada nas redes sociais, com o Instagram e o Facebook à cabeça, e que tem sido um fenómeno comportamental que cresceu exponencialmente. E cresceu porque geralmente as pessoas têm usado as selfies para se mostrarem num dado sítio, a viver uma dada experiência ou até só se mostrarem a si próprias (a selfie é também uma demonstração de algum narcisismo em alguns casos).Ou seja, a selfie não é mais do que a partilha de uma vivência de um dado momento com as pessoas que a seguem nas redes sociais que usa.  E é aqui que o tal curso falha na compreensão do fenómeno. Uma selfie, na perspetiva de quem a tira e partilha é um momento, e os momentos não têm técnicas, enquadramentos, dicas, não precisam de se transformar na “melhor selfie” nem precisam de ser ensinados.

 

Ter uma boa coleção de selfies é importante para a marca pessoal? Talvez. Pode ser em alguns casos específicos. Jamais o será, contudo, se perder o seu essencial – a espontaneidade. E será uma onda como outra qualquer – provavelmente daqui a meia dúzia de meses já não será “cool” tirar selfies e o fenómeno será outro qualquer.

 

E aqui reside a questão, enquanto umas empresas tentam utilizar as redes sociais para comunicar e interagir de uma forma que não fazem no “mundo real”, outras tentam ensinar as pessoas a estar presentes nas redes sociais com benefícios na sua carreira profissional. E muitas falham. E falham porque não entendem que as pessoas é que ditam como querem interagir e quando querem interagir. E falham porque não entendem que a espontaneidade e a liberdade de expressão que as pessoas sentem nas redes sociais não se ensaia, não se ensina e não se compadece com artificialidades.

E nós, utilizadores das redes sociais, se não percebermos que ganhamos muito mais em sermos nós próprios, muito provavelmente prejudicaremos mais a nossa marca pessoal do que a beneficiaremos.

 

PS: Só mais uma coisa, se pretendem ensinar alguém a usar uma rede social como o Twitter, por exemplo (pretensão que não tenho), não tenham tweets protegidos ;-) .

 

*Director geral da Sparkle Business Ignition, Mestre em Marketing

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publicado às 08:22

Mensagens


2 comentários

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De Rita Matos Oliveira a 09.06.2014 às 16:30

Muito interessante. Lamentavelmente não é um dado adquirido" que não se deve tentar capitalizar uma dada tendência se não a compreendermos" como é visível na selfie trabalhada em photoshop ou no programa em forma de tweets com 300 caracteres. Estas "inovações" têm provavelmente um impacto reduzido na maior parte da população mas são aqueles que são sensíveis ao tema que são naturalmente os mais rápidos a perceber o ridículo destas iniciativas falhadas.
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De Henrique Ventura a 11.06.2014 às 11:40

Obrigado Rita.
Foi essa a mensagem que tentei passar. Quando se tenta "artificializar" algo que é natural, a probabilidade de não dar bom resultado é elevada.

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