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26 de Fevereiro de 2013, Djibouti. Imigrantes africanos tentam captar a rede telefónica da Somália (mais barata) para falar com as suas famílias. JOHN STEINMEYER para a National Geographic. Primeiro prémio do World Press Photo 2014
Há muito tempo que uma fotografia premiada da World Press Photo não me tocava tanto. Fiquei instantaneamente atraída por esta imagem e totalmente apaixonada depois de ler o seu contexto.
São leituras em catadupa que nos assolam. Primeiro, a iconografia religiosa, como homens em adoração a um ser celeste, imaterial, infinito. Depois, percebemos que são telemóveis que fazem o lugar das velas. E que o ser celeste e imaterial é a rede telefónica que tentam captar. Um deus mais em conta do outro lado da fronteira imaginária.
E choramos. Por eles, emigrantes que se ligam e desligam do seu mundo ao sabor das frequências radiofónicas. Por nós, porque também. Também procuramos incessantemente rede mas não estamos ali.
A brutalidade do mundo é maior quando os despossuídos parecem se parecer connosco. Sem rede, não somos nada. Mas há sempre mais rede para uns do que para outros.
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