por Alda Telles, em 05.03.10
Foi a queda do muro de Berlim e pouco depois foi o nascimento do Público (um ano depois nascia a Fonte Comunicação). Grandes e entusiasmantes tempos se viviam então, e éramos todos vinte anos mais novos.Tive o privilégio de assistir de alguma forma ao parto do Público, embora Henrique Cayatte sempre tenha guardado o seu tesouro a sete chaves. Mas tive oportunidade de compreender o processo criativo do mais bonito jornal português. A revolução na côr, nas fotos, nas infografias, na paginação, nas fonts de letras. As abordagens jornalísticas de ruptura, a qualidade e profundidade da informação. O extraordinário génio português de estudar o que de melhor se fazia no mundo e dar, uma vez mais, novos mundos ao mundo, neste caso ao maravilhoso mundo dos jornais.O prazer de pegar num jornal que, pela primeira vez, não sujava as mãos e cuja leitura era um prazer intelectual e sensorial, foi um privilégio de que sempre estarei grata.Para o bem e para o mal, o Público é o mais importante jornal nacional da última década do século 20. Passou muitas vicissitudes que não o deixaram incólume e perdeu alguma da sua grandeza em momentos da sua (nossa) história. Continua a ser um jornal atraente, mas as cirurgias plásticas, se ajudam a mascarar a idade, também levam um pouco da alma.Mesmo assim, lendo hoje a edição nº 7274, continuo a sentir que o Público é, ainda, o mais próximo do jornal perfeito. Parabéns, Público. Parabéns aos investidores e fundadores que te deram vida e melhoraram a nossa.