Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Diz-se que o "caso Sócrates" tem rompido com todos os cânones dos casos judiciais portugueses, ao introduzirem-se no espaço público novas formas de comunicação do lado da defesa.
O preso preventivo escreve cartas e usa direitos de resposta, o advogado tem alimentado parangonas à porta dos tribunais e da prisão. A comunicação do caso "em on", como caracterizou, e bem, o director do Expresso, abriu novas fronteiras na cobertura mediática. Deixou-se de ter apenas as "notícias" em off da investigação, a defesa começou a ser notícia com fonte identificada.
O Expresso assumiu-se, desde a primeira hora, como actor principal nesta nova arena. O jornal passou a fazer parte também das notícias do caso, com a descrição da sua feitura.
Como jornal influente, e cioso de que o mundo perceba a sua influência, o Expresso começou por informar o mundo que tinha recebido telefonema de Sócrates a partir de Évora disponibilizando-se para conceder uma entrevista pedida pelo jornal. Ficamos então a saber, na primeira página do jornal, que um entrevistado ligou directamente a um jornalista (no caso, Bernardo Ferrão), às 17:40, para dar o OK à entrevista. A notícia sobre a preparação da notícia, com os actores envolvidos e os meios de comunicarem entre eles. Inédito.
Hoje, o Expresso prossegue no caminho do "nunca antes visto" e publica "81 perguntas" que naturalmente passaram a ser perguntas retóricas. Digamos que é uma comunicação em on mas com o de onanístico.
O direito de um entrevistado não responder a determinadas perguntas, porque não sabe ou porque não quer, está geralmente salvaguardado por todo um processo de edição que é parte integrante de um trabalho jornalístico (sim, tambem me estou a recordar da entrevista de Clara Ferreira Alves).
A publicação a priori das perguntas contém em si mesma a inviabilidade de um acto que requer boa fé e conforto entre as partes para a realização de uma entrevista.
Estamos num novo patamar da "comunicação em on": os auto-leaks dos média.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.