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O Turismo de Portugal deixa de patrocinar o Rally de Portugal. Não sei se é boa ou má ideia, não conheço os números do retorno deste investimento.
Mas a explicação dada pelo responsável deixou-me preocupada. Diz ele "A decisão de não concessão de apoio financeiro está alinhada com a estratégia de promoção definida para o Destino Portugal, que passou a focar-se na comercialização, nomeadamente através da captação de rotas aéreas e de parcerias com operadores turísticos, e na adaptação da promoção externa ao marketing digital."
Esta visão, sobretudo a que respeita à aposta no "marketing digital", é assustadora. Parte do princípio que os estrangeiros "compram" Portugal por via digital. Umas boas imagens, forte "engagement" com os internautas, muitos "likes" nas redes sociais, muita oferta low cost, e o país está vendido.
Ora parece-me que se está a fazer uma grande confusão entre a promoção de um destino e a oferta de um destino.
Portugal está de facto a aumentar muito a sua visibilidade graças à promoção digital, e a sua acessibilidade graças a maior oferta de voos e pacotes turísticos. Mas se não tiver mais para oferecer do que praias e património histórico, a procura acabará por estagnar.
A oferta de eventos de qualidade, e únicos, são imprescindíveis na consolidação de um destino. É o caso dos festivais de verão, que atraem cada vez mais público estrangeiro. É o caso do Tour de France, que consolida a imagem de um dos mais belos países europeus. Até existe uma coisa chamada "turismo de eventos".
Repito, não sei se o Rally de Portugal tem um retorno suficiente que justifique os milhões que lhe têm sido adjudicados. Mas a visão transmitida pelo Turismo de Portugal parece curta. Não é o turismo digital que dá dinheiro, é o turista real que compra bens, serviços e eventos reais.
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