
A manifestação anunciada pela central sindical CGTP para a Ponte 25 de abril e depois desconvocada tem sido o verdadeiro choque de expectativas, com reacções que
podem chegar ao extremo.Pode esta "capitulação" da CGTP ser considerada um erro de relações públicas, uma acção de
Publicity stunt que correu mal? Ou a notícia do seu flop está a ser manifestamente exagerada?Há muito que é discutida a teoria de que não há má publicidade. Já Oscar Wilde dizia (e com que propriedade) que "só há uma coisa pior que ser falado: é não ser falado".É claro que estes aforismos nunca são profissionalmente partilhados por consultores de marketing e comunicação. Não queremos os nossos clientes falados por más razões, tanto mais que são invariavelmente injustas.
Mas há quem defenda, e até há pesquisa académica nesta matéria, que para certas marcas a "má publicidade" pode ser benéfica. Esta tese aplica-se sobretudo a marcas com pouca notoriedade, ou moribundas, que acabam por ganhar vantagem ao se tornarem faladas.Este verdadeiro exercício de "PR stunt" da CGTP serve, provavelmente muito bem, os seus objectivos. Num contexto de cada vez maior ineficácia dos sindicatos na defesa dos direitos dos seus públicos, a ampla cobertura mediática é, neste momento, a sua quase única prova de vida e de relevância social.Não vai ser na Ponte, mas isso já não tem importância. O importante é que a marca criou um "caso" que, através dos media, abrange um público muito mais vasto que o do seu território natural: a fundamental opinião pública.
*Brendan Behan, escritor irlandês (1923 - 1964)