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A "ordem" dos profissionais de comunicação

por Alda Telles, em 13.01.11
Corre um interessante debate na blogoesfera, iniciado por Ângela Guedes, sobre a visibilidade dos assessores e consultores de comunicação. Concordo com praticamente tudo o que tem sido dito sobre esta matéria, pelo Luís Paixão Martins, Luís Spencer Freitas e neste post do semiose.net.Mas Carlos José Teixeira, nesse mesmo post, discorre para um outro tema que também é recorrentemente abordado, a necessidade da criação de uma "Ordem de Assessores de Comunicação".Recorro-me desta passagem:
Sendo a actividade [dos assessores], como digo, influenciadora do comportamento social, creio que deveria ser regulamentada por um código deontológico que, para além dos direitos e deveres dos associados de uma ou outra agremiação, deveria também apontar medidas de punição dos desvarios, contrariamente ao que (não) existe no de Lisboa e, de certa forma, nos restantes. A actividade devia ser regida por uma ‘Ordem’ (ou coisa do género), e não por associações que apenas tratam do corporativismo, de prémios e pouco mais. Esta ‘Ordem’ teria, em princípio, o mesmo tipo de figura legal que outras ordens – a dos médicos, dos engenheiros, etc. – têm, isto é, serem dotadas de uma espécie de direito objectivo (peço desde já desculpas pela designação, haja quem a corrija).
Sobre o primeiro tema, tive o privilégio de integrar o grupo que lançou o Código de Conduta da APCE. Neste código, destinado a todos os que trabalham em gestão da comunicação e relações públicas, está prevista a fiscalização do seu cumprimento que "é exercida, antes de mais, pelos associados da APCE e por quantos estejam em consonância com os princípios nele enunciados, cabendo à Direcção da Associação a responsabilidade da instrução de processos por eventuais infracções e pelo respectivo sancionamento, até à exclusão."Para a "eficácia" desta exclusão, ou seja, para que ela resulte numa real sanção pelo prevaricador, será necessária a representatividade da Associação e o seu reconhecimento pelo mercado. É nesse sentido que, como presidente do Conselho Consultivo e de Ética da APCE, tenho a missão de propor à direcção, com o contributo de vários colegas, um modelo de autenticação e credenciação do exercício da profissão.E entramos na segunda questão colocada por cjt.Sendo ainda prematuro adiantar esse modelo, posso desde já partilhar, com os muitos profissionais que têm vindo a debater o tema, que a figura de "Ordem" será a menos indicada para a profissão. Contrariamente aos exemplos frequentemente apontados dos engenheiros, economistas ou os mais recentes designers, esta é uma prática profissional que reúne (e ainda bem) formações tão díspares como licenciados em comunicação, economistas, arquitectos, juristas, sociólogos ou antropólogos. O caminho será muito provavelmente outro, mas será certamente consentâneo com a realidade da profissão, com as melhores práticas internacionais e com o rigor que uma credenciação exige. É um passo muito importante, está a ser debatido e maturado. Mas vai avançar. O mercado - e a diferenciação de que tanto se fala - assim o exige.

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publicado às 10:42

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3 comentários

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De cjt a 13.01.2011 às 11:10

Cara Alda, antes de mais, grato pelo apontamento.

Relativamente à 'Ordem', digo no post «A actividade devia ser regida por uma ‘Ordem’ (ou coisa do género)», precisamente por ter algumas dúvidas em relação à multidisciplinaridade da actividade. No entanto, creio ser útil que algo 'do género' seja colocado em prática.

É meu entender - exclusivamente enquanto cidadão - que todas as profissões cujo exercício tenha impacto directo sobre a sociedade (saúde, comunicação, arquitectura, engenharia civil, etc.) devam ser regulamentadas. Dado que a adopção de um código de ética, sem outra forma de entendimento senão a de 'código de conduta' ou de 'práticas aconselhadas', pode ser sujeita a alguma relativização decorrente das exigências do mercado, creio ser útil a existência de um código deontológico (esta é uma discussão engraçada, a do código de ética vs. código deontológico).

Quanto ao "Código de Conduta do Gestor de Comunicação Organizacional e Relações Públicas" elaborado pela equipa de que a Alda faz parte, devo apontar o seguinte:

Trata-se, efectivamente, de uma iniciativa louvável e que considero essencial, a do estabelecimento de princípios básicos e de valores fundamentais para o exercício das funções. No entanto, e apesar do descritivo que considero muito bom, a alínea que aponta, a de 'Fiscalização', prevê uma intervenção de carácter disciplinar em algo que se trata apenas e só de princípios.
Compreendo, claro, que conforme o que por lá é dito, «O presente documento é a base orientadora para o exercício da actividade profissional, apontando-se,
num futuro próximo, para a elaboração de outros referenciadores que, no âmbito da APCE, balizem,
identifiquem e reconheçam os Gestores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas.», deixando antever a feitura de um código mais elaborado e que preveja leis que salvaguardem objectivamente os princípios, assim como as respectivas sanções por incumprimento.

Por fim, voltando um pouco atrás, à questão da multidisciplinaridade e do impedimento à existência de tal 'Ordem': o presente código prevê as competências gerais e específicas do profissional de comunicação, para além dos valores por ele representados, independentemente da formação de base do profissional. Assim, não vejo impedimento à constituição de uma Ordem propriamente dita (vê? mudei agora mesmo de opinião...) . O que espero, sinceramente, é que esta não seja entrave ao exercício profissional, ou uma espécie de reguladora de numerus clausus. Espero, isso sim, uma organização que nos faça crer na actividade como sendo algo salutar e potenciador de compreensão mútua, entre a sociedade e as entidades que aos profissionais recorrem que é, de resto, o motivo de fundo do meu post.

Um abraço,
CJT
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[...] aos cursos de comunicação existentes, creio que muitos bons profissionais apenas possuem uma qualquer formação de base – e não necessariamente superior – e um bom currículo profissional. Assim, aos candidatos ao [...]

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