por Alda Telles, em 03.12.10

Soube pelo Martins Lampreia, no Twitter, que morreu no dia 30 de novembro Domingos Avellar Soeiro, considerado o pioneiro das relações públicas em Portugal. Perdão, o primeiro Public Relations. Até ao final da sua vida, não aceitou a tradução da expressão anglo-saxónica, considerando-a "facilitista", e relembrava que outros vocábulos se mantiveram no original, como "marketing" ou "franchising".E foi de facto com a função de "Public Relations" no LNEC que iniciou a sua carreira na área. Aconteceu por acaso, ao descobrir o anúncio acima reproduzido no Diário de Notícias de 31 de Novembro de 1959 (curiosamente, há quase exactamente 60 anos).Reza a lenda que o LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) foi a primeira organização portuguesa a contratar um Public Relations e a apostar na transparência e abertura da instituição aos media e à sociedade. Tudo graças à visão do seu director à época, Engº Manuel Rocha.Depois de três décadas no LNEC, Avellar Soeiro foi, nos anos 90, director do gabinete de PR do Centro Cultural de Belém.Foi ainda fundador de duas empresas de consultoria, a "Ponte Internacional Lda"e a "PRIL - Public Relations International Ltd", que não sobreviveriam ao ano quente de 1975.Distinguiu-se também no associativismo. Foi fundador da extinta SOPREP (Sociedade Portuguesa de Relações Públicas) em 1968, que adoptou em 1970 o primeiro código de ética da profissão, conhecido como o Código de Atenas.Lutou, desde 1971 até à sua morte, pelo reconhecimento oficial da profissão em Portugal. Processo sucessivamente protelado ao longo de vários governos... até ao actual.Foi também pioneiro da expressão "Código de Lisboa". Sim, antes do recente código aprovado pela ONU, Avellar Soeiro conseguiu que a CERP (Confederação Europeia das Relações Públicas) aprovasse em 1978, na capital portuguesa, o
Código de Conduta Europeu da Profissão de RP.Premonitoriamente (?), Rogério Ferreira de Andrade, professor da cadeira de RP da licenciatura em Ciências da Comunicação da UNL, publica
aqui a, suponho que última, entrevista a Avellar Soeiro. E deixa a seguinte reflexão: 50 anos depois, o estatuto da profissão não parece ter mudado muito. No entanto, continua a atrair milhares de jovens.Eu diria que
tem que evoluir. O
Código de Conduta da APCE é o primeiro passo para o processo de acreditação da profissão. Temos de trabalhar, a sério, neste projecto.