por Alda Telles, em 30.05.10
Não é perseguição, mas os jornalistas continuam a questionar o papel dos assessores de gabinetes. Desta vez, confesso, surgiu um tema que ainda não me tinha passado pela cabeça:
o anonimato das fontes dos gabinetes, vulgo assessores de comunicação. O assunto foi lançado pelo
Ferreira Fernandes no DN, mas foi através do
António Granado que foi replicado no Twitter.Na essência, uma informação emitida pelo gabinete do primeiro ministro foi desmentida. A questão levantada por FFernandes e A Granado é o anonimato da fonte, que não permite o contraditório e, segundo F Fernandes "se a fonte não quiser explicar- -se, o jornalista, como houve mentira deliberada, está desobrigado do sigilo e pode contar a história toda."Granado, por sua vez, diz que "Como jornalista, nunca dei, nem nunca darei, anonimato a este tipo de gente. Se não querem que o nome apareça, há sempre uma solução: passem o telefone à pessoa que estão a assessorar.".Sobre a temática, surgem-me os seguintes comentários:- Não é certo que a fonte do gabinete seja um assessor de imprensa (digo eu)- A ser, o anonimato é inverosímil. Uma função profissional, exceptuando organizações secretas ou estruturas de defesa nacional, não é por natureza anónima.- A função de um assessor de comunicação é garantir a verdade, pelo menos aquilo que acredita ser a verdade. Sempre na perspectiva da boa fé e da lealdade para quem trabalha.A verificar-se uma contradição, só há uma saída para o assessor: demitir-se. Ou porque veiculou informação errada ou falsa deliberadamente, ou porque foi erradamente induzido a prestar falsas declarações pelo seu superior.Não há outra forma de trabalhar em comunicação. É uma função que só pode viver em confiança. Da parte de quem o emprega, mas também da parte de quem utiliza as suas declarações (no caso, os jpornalistas). A confiança não é, certamente, um conceito abstracto ou anónimo.