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Relações Públicas: Brasil 100 - Portugal 55

por Alda Telles, em 30.01.14

 

Iniciam-se hoje as comemorações do Centenário de Relações Públicas no Brasil.

 

Segundo a Wikipédia, o primeiro Departamento de Relações Públicas, com essa denominação, foi criado no Brasil em 30 de janeiro de 1914. Pertencia à "Light" (The Light and Power Co. Ltda.), companhia canadiana estabelecida no Brasil e concessionária da iluminação pública e do transporte colectivo da cidade de São Paulo. A direcção desse Departamento de Relações Públicas foi entregue a um engenheiro (sim, engenheiro) Eduardo Pinheiro Lobo. A Lei nº 7.197, de 14 junho de 1984, concedeu-lhe o título de pioneiro das Relações Públicas no Brasil, e estabeleceu o aniversário de seu nascimento, dia 2 de dezembro, como o Dia Nacional das Relações Públicas.

 

Em Portugal, reza a lenda que o LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) foi a primeira organização portuguesa a contratar um Public Relations, muito mais tarde, em 1957. Há três anos fiz um post sobre esse facto por ocasião da morte do seu protagonista, Avellar Soeiro, considerado o pioneiro português das Public Relations.

 

O atraso de Portugal em relação ao Brasil, que presumo ter explicação na sociedade fechada do regime, na ausência de influência de multinacionais e em particular das correntes americanas da "publicity", continuou até ao reconhecimento da profissão, o que em Portugal ainda não aconteceu.

 

No Brasil,  a profissão é regulamentada desde 1967/68 e deu origem a um sistema designado CONFERP, formado pelo Conselho Federal e pelos Conselhos Regionais de Relações Públicas. Está definido que apenas podem exercer a profissão no Brasil os indivíduos formados num curso superior de Relações Públicas (ou equivalente no exterior, com o diploma devidamente reconhecido no Brasil) e que estejam registados no seu respectivo Conselho Regional.

 

Em Portugal, existe uma associação, a APCE - Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa que lançou a primeira pedra nesse caminho para a acreditação da profissão em Portugal, ao aprovar o Código de Conduta do Gestor de Comunicação organizacional e Relações Públicas.

 

Sei que o Sistema Conferp e o Observatório de Comunicação Institucional vão desenvolver diversas iniciativas no âmbito deste centenário. Que também coincide com uma reformulação dos currículos dos cursos de RP, até agora pautados por uma grande promiscuidade entre jornalismo e comunicação empresarial.

 

Podemos ir seguindo através desta página no Facebook e no site do Observatório.

 

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publicado às 08:40

A "ordem" dos profissionais de comunicação

por Alda Telles, em 13.01.11
Corre um interessante debate na blogoesfera, iniciado por Ângela Guedes, sobre a visibilidade dos assessores e consultores de comunicação. Concordo com praticamente tudo o que tem sido dito sobre esta matéria, pelo Luís Paixão Martins, Luís Spencer Freitas e neste post do semiose.net.Mas Carlos José Teixeira, nesse mesmo post, discorre para um outro tema que também é recorrentemente abordado, a necessidade da criação de uma "Ordem de Assessores de Comunicação".Recorro-me desta passagem:
Sendo a actividade [dos assessores], como digo, influenciadora do comportamento social, creio que deveria ser regulamentada por um código deontológico que, para além dos direitos e deveres dos associados de uma ou outra agremiação, deveria também apontar medidas de punição dos desvarios, contrariamente ao que (não) existe no de Lisboa e, de certa forma, nos restantes. A actividade devia ser regida por uma ‘Ordem’ (ou coisa do género), e não por associações que apenas tratam do corporativismo, de prémios e pouco mais. Esta ‘Ordem’ teria, em princípio, o mesmo tipo de figura legal que outras ordens – a dos médicos, dos engenheiros, etc. – têm, isto é, serem dotadas de uma espécie de direito objectivo (peço desde já desculpas pela designação, haja quem a corrija).
Sobre o primeiro tema, tive o privilégio de integrar o grupo que lançou o Código de Conduta da APCE. Neste código, destinado a todos os que trabalham em gestão da comunicação e relações públicas, está prevista a fiscalização do seu cumprimento que "é exercida, antes de mais, pelos associados da APCE e por quantos estejam em consonância com os princípios nele enunciados, cabendo à Direcção da Associação a responsabilidade da instrução de processos por eventuais infracções e pelo respectivo sancionamento, até à exclusão."Para a "eficácia" desta exclusão, ou seja, para que ela resulte numa real sanção pelo prevaricador, será necessária a representatividade da Associação e o seu reconhecimento pelo mercado. É nesse sentido que, como presidente do Conselho Consultivo e de Ética da APCE, tenho a missão de propor à direcção, com o contributo de vários colegas, um modelo de autenticação e credenciação do exercício da profissão.E entramos na segunda questão colocada por cjt.Sendo ainda prematuro adiantar esse modelo, posso desde já partilhar, com os muitos profissionais que têm vindo a debater o tema, que a figura de "Ordem" será a menos indicada para a profissão. Contrariamente aos exemplos frequentemente apontados dos engenheiros, economistas ou os mais recentes designers, esta é uma prática profissional que reúne (e ainda bem) formações tão díspares como licenciados em comunicação, economistas, arquitectos, juristas, sociólogos ou antropólogos. O caminho será muito provavelmente outro, mas será certamente consentâneo com a realidade da profissão, com as melhores práticas internacionais e com o rigor que uma credenciação exige. É um passo muito importante, está a ser debatido e maturado. Mas vai avançar. O mercado - e a diferenciação de que tanto se fala - assim o exige.

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publicado às 10:42

O primeiro Código de Lisboa

por Alda Telles, em 03.12.10
 Soube pelo Martins Lampreia, no Twitter, que morreu no dia 30 de novembro Domingos Avellar Soeiro, considerado o pioneiro das relações públicas em Portugal. Perdão, o primeiro Public Relations. Até ao final da sua vida, não aceitou a tradução da expressão anglo-saxónica, considerando-a "facilitista", e relembrava que outros vocábulos se mantiveram no original, como "marketing" ou "franchising".E foi de facto com a função de "Public Relations" no LNEC que iniciou a sua carreira na área. Aconteceu por acaso, ao descobrir o anúncio acima reproduzido no Diário de Notícias de 31 de Novembro de 1959 (curiosamente, há quase exactamente 60 anos).Reza a lenda que o LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) foi a primeira organização portuguesa a contratar um Public Relations e a apostar na transparência e abertura da instituição aos media e à sociedade. Tudo graças à visão do seu director à época, Engº Manuel Rocha.Depois de três décadas no LNEC, Avellar Soeiro foi, nos anos 90, director do gabinete de PR do Centro Cultural de Belém.Foi ainda fundador de duas empresas de consultoria, a "Ponte Internacional Lda"e a "PRIL - Public Relations International Ltd", que não sobreviveriam ao ano quente de 1975.Distinguiu-se também no associativismo. Foi fundador da extinta SOPREP (Sociedade Portuguesa de Relações Públicas) em 1968, que adoptou em 1970 o primeiro código de ética da profissão, conhecido como o Código de Atenas.Lutou, desde 1971 até à sua morte, pelo reconhecimento oficial da profissão em Portugal. Processo sucessivamente protelado ao longo de vários governos... até ao actual.Foi também pioneiro da expressão "Código de Lisboa". Sim, antes do recente código aprovado pela ONU, Avellar Soeiro conseguiu que a CERP (Confederação Europeia das Relações Públicas) aprovasse em 1978, na capital portuguesa, o Código de Conduta Europeu da Profissão de RP.Premonitoriamente (?), Rogério Ferreira de Andrade, professor da cadeira de RP da licenciatura em Ciências da Comunicação da UNL, publica aqui a, suponho que última, entrevista a Avellar Soeiro. E deixa a seguinte reflexão: 50 anos depois, o estatuto da profissão não parece ter mudado muito. No entanto, continua a atrair milhares de jovens.Eu diria que tem que evoluir. O Código de Conduta da APCE é o primeiro passo para o processo de acreditação da profissão. Temos de trabalhar, a sério, neste projecto.

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publicado às 11:56

Reputação e Códigos de Conduta

por Alda Telles, em 15.10.10
Um artigo publicado ontem no “Diário de Notícias”, assinado pelo produtor e profissional de comunicação José Nuno Martins, suscitou veementes e acaloradas reacções na blogoesfera, designadamente espaços de opinião de jovens profissionais de Comunicação e Relações Públicas, como o Rodrigo Saraiva ou o Rui Calafate.A atentar na veracidade do relato de JNM, da qual não tenho quaisquer razões para duvidar, o professor Adriano Duarte Rodrigues, eminente e reconhecido catedrático, terá tecido insólitas e ofensivas considerações sobre a profissão de Relações Públicas.Atribuiremos a verrinosa e incontida verve a uma hora menos feliz do professor, a quem a comunidade académica deve a introdução da Comunicação, como área científica, na universidade pública portuguesa.Não deverá esta nuvem ser tomada por Juno, pois a comunidade académica é hoje constituída por excelentes estudiosos e defensores desta disciplina e dos seus praticantes.É pois o momento de relembrar que o Código de Conduta do Gestor de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, a base orientadora proposta pela APCE para o exercício desta actividade profissional,  foi elaborado por um grupo, do qual fiz parte, constituído por profissionais de relações públicas e académicos.O desenvolvimento da profissão, a par da formação, hoje exigida ao longo de toda a vida, depende de bons profissionais e de bons professores, que acreditem na importância e responsabilidade crescente das relações públicas. Felizmente, temos abundância de ambos em Portugal.A melhor resposta que podemos dar a ameaças à reputação da profissão – e elas vêm de muitos lados, incluindo no próprio sector – é exercê-la com convicção e dignidade, assumindo os valores e deveres especiais da sua prática.É sobre os princípios enumerados no Código de Conduta que profissionais, estudantes e académicos devem reflectir.Termino com uma citação de Klaus Schwab, fundador do World Economic Forum, e partilhada pela Professora do ESCS e minha colega no Conselho Consultivo e de Ética da APCE, Mafalda Eiró-Gomes: “Public relations [has] become even more crucial … provided global and other issues are addressed in the framework of all stakeholders.”

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publicado às 14:14

Acabam de ser revelados os resultados do European Communication Monitor 2010, apresentados a semana passada em Bruxelas. O inquérito foi realizado em 46 países europeus com 1955 participantes, incluindo profissionais de comunicação portugueses.Entre as várias conclusões, importantes para a auto-avaliação e caminhos de progressão dos profissionais de comunicação organizacional, destaca-se:- os Departamentos de Comunicação são percepcionados como excelentes, pelos próprios responsáveis,  quando são capazes  envolver stakeholders (85,8%), mobilizar pessoas (82,1%) e influenciar processos de gestão (81,8%)- 72,1% dos profissionais de comunicação consideram que ajudam a atingir os objectivos de negócio através da criação de intangíveis como a marca, a reputação e a cultura organizacional.- 75,5% dos profissionais de comunicação consideram que  são vistos como influenciadores de decisão pelo top management- Comunicação Interna e Gestão da Mudança (+7,3%), Sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa (+9,9%) e Personal Coaching e Formação (+9,6%) são as áreas de maior crescimento no horizonte de 2013- Media sociais (+37%), Online media (+19,1%) e Comunicação online (+13,3%) representam os canais ou instrumentos de comunicação de maior crescimento.Refinando um pouco a análise, percebemos que os profissionais de comunicação ainda têm a percepção que o seu foco é no apoio à estratégia usando actividades de comunicação, mas em menor percentagem se sentem responsáveis pela definição dos objectivos organizacionais, acrescentando a dimensão da comunicação à formulação da estratégia. Há, como dizem os autores do estudo, pouco "inbound". Os profissionais de comunicação são sobretudo "boundary-spammers", isto é falam e ouvem para fora da organização . Falam pouco para dentro da organização.Assumem-se portanto mais como facilitadores de estratégias do que propriamente "business advisors". Escusado será dizer que são os consultores e os profissionais das agências/consultoras de comunicação o segmento que mais se sente influenciador e participante nas estratégias das organizaçãoes. Contudo e no geral, os profissionais sentem que o seu papel de influenciador e conselheiro de confiança tem vindo a crescer.Na perspectiva da evolução profissional, não deixa de ser curioso e significativo que, logo a seguir à formação, o networking seja encarado como uma das vertentes mais importantes no desenvolvimento pessoal e profissional. Está assim mais que justificado o crescente interesse dos profissionais pelo associativismo - em Portugal, os profissionais juntam-se em torno da APCE - e, também, pelos encontros mais informais que estão a ter grande adesão, os PR After Work dinamizados pelo Rodrigo Saraiva.Agradeço ao Rui Martins, Coordenador Regional para Portugal da EACD, a disponibilização do estudo.

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publicado às 14:33

Do Associativismo na Comunicação

por Alda Telles, em 24.02.10
Um post aqui suscitou a reacção da APCE aqui.Somos, de facto, um país onde o associativismo é fraco. Fraco na mobilização dos interessados e, consequentemente, fraco na capacidade de intervenção e influência, quer interna quer externamente.No caso concreto da Comunicação e das Relações Públicas, foram várias as associações criadas ao longo dos anos para congregar interesses específicos de uma profissão e uma carreira de difícil enquadramento e com entendimentos muito latos.A APCE - Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa conseguiu finalmente, nos últimos anos, afirmar-se, crescer, captar novos e velhos profissionais, criar pontes com as principais congéneres estrangeiras e lançar, pela primeira vez, um Código de Conduta (para o qual tive o prazer de contribuir). O objectivo último: a credenciação e dignificação de uma profissão em crescimento (eventualmente descontrolado).Desconheço as motivações de uma putativa nova associação, mas pergunto-me se os seus promotores conhecem a APCE e se os seus objectivos - certamente nobres - não poderão ser atingidos procurando integrar propostas e novos insights no seio de uma comunidade aberta a todos os que vierem por bem - mais uma vez, por bem da profissão.

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publicado às 19:59

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