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Manuel Valls, um homem da comunicação

por Alda Telles, em 31.03.14

 

Valls em 2000 com o primeiro ministro Lionel Jospin

 

 

O novo chefe do governo francês, Manuel Valls, conhecido pela sua linha dura, reforçada pela circunstância de ter sido até agora o "ministro das polícias", é um homem da comunicação.

 

Entre 1997 e 2001 foi o assessor de imprensa de Lionel Jospin, primeiro ministro naquela época.

 

Arranca o mandato, à partida, com três vantagens:

 

- Conhece os media e os jornalistas

- Não beneficia da simpatia geral dos jornalistas, que o consideram brilhante mas arrogante

- Não gosta de jornalistas, mas respeita-os e sabe do seu poder.

 

Tem portanto todos os ingredientes para uma gestão eficaz da comunicação do seu governo e não se arrisca sequer a um "período de lua de mel" com a imprensa que tantas vezes inebria e depois desilude governantes mal preparados para a realidade mediática.

 

 

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publicado às 19:22

God bless Portugal

por Alda Telles, em 27.03.14

 

Mário Crespo, na sua pungente despedida ontem à noite dos écrans da SIC Notícias, terminou com um religioso-patriótico "Deus abençoe Portugal". Eu traduzo: o que ele realmente disse foi "God bless Portugal".

 

A sua inapelável admiração pela cultura norte-americana trouxe-lhe vários dissabores e desde que saiu de Washington como correspondente nunca mais se reconciliou com a televisão pública e, em certa medida, com a sua vida profissional. As suas inegáveis qualidades de entrevistador/comentador na SIC pareciam sempre infectadas de uma inultrapassável agrura.

 

Esse apelo ao jornalismo e à cultura norte-americana teve ontem a sua expressão máxima no "God bless Portugal", que deve ter traduzido para português num último instante de pudor.

 

Não deixa, porém, de ser curioso que um conhecedor como Crespo da cultura política norte-americana, não saiba as origens pouco simpáticas do termo que passou a ser rotina nos discursos presidenciais.

 

"God bless America" foi dito pela primeira vez por Richard Nixon em 1973, em plena crise do escândalo Watergate: "Tonight, I ask for your prayers to help me in everything I do throughout the days of my presidency.God bless America and God bless each and every one of you."

Seria só Ronald Reagan, em 1980, a recuperar a frase e a torná-la a "assinatura standard" dos discursos presidenciais.

 

Hoje é uma expressão sem significado, ou até mesmo contradizente com um estado laico, mas que tem de ser dita porque todos estão à espera que seja dita. É o equivalente a usar um pin da bandeira na lapela. 

 

 

 

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publicado às 12:03

Quanto vale um Audi?

por Alda Telles, em 24.03.14

 

Os vencedores da factura da  sorte vão ganhar um Audi A4, um modelo "premium" da marca alemã, com um valor comercial de 35 mil euros. Haverá ainda sorteios especiais do modelo A6.

 

Isto é bom para a marca? Em termos de vendas, são apenas cerca de dois milhões de euros. Não é muito, mas é dinheiro. 

 

E em termos da imagem da marca? 

 

Audi é uma marca automóvel tipicamente aspiracional. Ter um Audi ou um BMW é sinal de sucesso, e define também um posicionamento profissional que atribui estas marcas às frotas das empresas para os seus executivos.

 

Um tweet esta tarde do @diniscosta chamou-me a atenção: "acho q a Audi não está bem a ver o filme: "que tal este A6, vizinho?"- "porreiro. saiu-lhe no omo, foi?"

 

Ao atribuir-se um Audi por sorteio, por ser uma marca aspiracional, o carro perde simultaneamente e aparentemente paradoxalmente parte do seu carácter aspiracional. Qualquer um (leia-se qualquer zé-ninguém) pode ter um carro igual.

 

Subliminarmente, a marca perde valor.

 

 

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publicado às 23:18

O PR stunt dos pelos da Madonna

por Alda Telles, em 23.03.14

 

Esta imagem de Madonna foi ontem colocada na sua conta do Instagram, com a legenda "Long hair...... Don"t Care!!!!!! #artforfreedom #rebelheart #revolutionoflove"

 

À hora que escrevo, tem mais de 43.700 "likes" e os mais díspares comentários, provocados pela evidência de pelos nas axilas, uma imagem contra a corrente estética ocidental, onde as mulheres tendem a tirar todo e qualquer vestígio da sua genética animal.

 

Se soubermos que esta imagem foi "postada" no mesmo dia do lançamento da sua marca de cosmética, MDNA Skin, percebemos o "PR Stunt" por detrás dela. Uma foto polémica, por mostrar pelos nas axilas, pôs o mundo a falar dela.

 

Deixo aqui o comentário que fiz para um artigo de Fernanda Câncio no DN sobre este assunto, não sabendo na altura que a foto coincidia com o lançamento da nova marca:

 

"Fica a dúvida se aqueles pelos são reais ou foram trabalhados. A maioria das mulheres não tem aquela perfeição e simetria. Mas o ponto interessante é a capacidade de uma figura pública poderosa como Madonna conseguir lançar o debate sobre um tema que era suposto já não ser um tema, pelo menos nas sociedades ocidentais. Mais do que uma leitura de "libertação feminista", que já o foi nos anos 60, 70 do século passado, o que eu vejo nesta fotografia de Madonna é um desafio às mulheres para encontrarem beleza, ou até alguma espécie de erotismo, na sua naturalidade, e os pelos fazem parte da nossa natureza. Não sei se criará uma tendência, mas qualquer imagem de Madonna é um ícone cultural dos tempos modernos e deixará algumas mulheres mais tranquilas sobre a sua feminilidade."

 

Madonna conseguiu assim juntar ao interesse de marketing de lançamento de uma marca um manifesto cultural. Poucas figuras públicas têm este poder. Madonna ainda é Madonna.

 

 

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publicado às 22:44

Casual Friday Crimeia

por Alda Telles, em 21.03.14

 

Há pouco tempo falei aqui do mau gosto nas capas de duas revistas americanas, a propósito de Hillary Clinton.

 

A tendência continua e a The Economist, uma revista de referência na área da economia, também cedeu à tentação de uma mistura explosiva de saloiice com propaganda política.

 

O caso da anexação da Crimeia tem sido um case study de guerra de Public Relations entre Ocidente e Rússia. Putin enfrenta sozinho esta guerra contra a Europa e Estados Unidos, com menos armas comunicacionais que armas nucleares. No final, vencerá a economia e sentir-nos-emos todos muito estúpidos.

 

 

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publicado às 08:53

Photomaton comunicacional

por Alda Telles, em 20.03.14

 

As redes sociais mais importantes, Facebook e Twitter, têm funcionalidades que permitem publicar em simultâneo nas duas redes. Esta funcionalidade é muito utilizada por pessoas preguiçosas e por perfis profissionais.

Há vários inconvenientes em usá-la, estando à cabeça a evidente preguiça mas também, e sobretudo, porque denota a falta de uma estratégia de diferenciação, de acordo com as especificidades e públicos de cada rede.

Mas a verdade é que acaba por ser uma prática bastante comum em gestão de perfis profissionais, porque permite alguma poupança de tempo e a disseminação mais alargada de determinada mensagem.

 

No caso da comunicação política, existem alguma regras para maximizar a eficácia das mensagens. Uma delas é a regra da repetição, que diz que o sucesso na transmisssão de uma mensagem (que já foi previamente simplificada) depende da memorização, que é facilitada pela repetição.

 

Acontece que quando a repetição é levada ao extremo, chama-se matraqueagem.

 

O risco da ligação do Facebook ao Twiiter fica patente neste "photomaton" de António José Seguro esta noite no twitter. Aconteceu ser a colheita do dia, mas acontece infelizmente muitas vezes, em muitos perfis. É mauzinho e descredibiliza as partilhas nas redes sociais. 

 

Tal como noutras áreas, as pessoas, consumidoras ou eleitoras, esperam alguma autenticidade das marcas e não gostam de ver automatismos por trás das figuras que seguem.

 

 

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publicado às 22:37

Obama e o "ocidente democrático" estão a ser ultrapassados pelos acontecimentos na Crimeia, todos os dias. Qualquer solução, porque a questão rebentou coxa, passará por um necessário recuo dos "amigos" de Kiev, mesmo que em termos comunicacionais, no ocidente pelo menos, se passe a imagem de "violação constitucional", "tentação czarista" de Putin e outros monstros que facilmente se avivam na memória colectiva da guerra fria.

 

Este cartoon é implacável pelo "meme" que utiliza. O mais famoso poster político de todos os tempos, Yes We Can, de Obama, confronta-se com um implacável No You Can't de um Putin que parece saber bastante mais de história que o presidente americano.

 

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publicado às 21:46

Vícios do Twitter

por Alda Telles, em 04.03.14

Zeca Mendonça em menos de 140 caracteres: é só um caso de assessor que tem melhor imprensa que o cliente.

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publicado às 23:46

O mercado dá as primeiras passas

por Alda Telles, em 04.03.14

MarijuanaDoctors.com já arrancou com a sua campanha de publicidade na televisão. O spot vai estar em canais nacionais nos Estados Unidos como a Fox, CNN e ESPN. O primeiro dos vinte estados onde o consumo de marijuana  para uso médico foi liberalizado que vai ver o anúncio é New Jersey.  
Portugal foi um país pioneiro na despenalização do consumo de drogas leves, mas é nos Estados Unidos que o mercado dá as primeiras passas. A erva é um negócio, estúpido.

 

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publicado às 20:52

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